Quando retirar amígdalas e adenoides

São Paulo, 12 (AE) - Preste atenção se o seu filho (a) dorme de boca aberta, ronca, tem apneia (suspensão da respiração, semelhante a um engasgo) ou baba enquanto está dormindo. Se a resposta for sim, você deve levá-lo ao médico otorrinolaringologista. O objetivo é descartar a possibilidade de a criança ter amígdalas e adenoides hipertrofiadas, o que prejudica a respiração, o sono, e consequentemente seu desenvolvimento físico e escolar.

De acordo com Raimar Weber, médico otorrino do Hospital Edmundo Vasconcelos, de São Paulo, e doutor em otorrinolaringologia pela Universidade de São Paulo (USP), a criança que tem hipertrofia adenoamigdaliana também respira pela boca durante o dia, tem o rosto mais alongado, e apresenta olheiras crônicas. Esses pacientes, segundo o especialista, também têm menos apetite. "A criança tem dificuldade para se alimentar, pois precisa da boca para respirar e comer. Com o olfato diminuído, ele não sente o odor do alimento. São o gosto e o odor que dão o sabor à comida".

Por isso, muitas crianças após serem submetidas à adenoamigdalectomia (cirurgia de retirada de amígdalas e adenoides), apresentam aumento de peso, pois passam a ter prazer em comer, diz o médico. O crescimento desses pacientes também muda após a cirurgia, quando ela se faz necessária.

Foi o que constatou Gabriela Robaskewicz Pascoto, médica residente do serviço de otorrinolaringologia do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, durante uma jornada científica realizada naquele hospital. "Acompanhamos os níveis dos hormônios do crescimento no pré e pós-operatório de 26 crianças submetidas à adenoamigdalectomia. Após um mês da cirurgia houve aumento nos valores destes hormônios, que comprova as pesquisas de outros autores", enfatiza.

Segundo Gabriela, os dados obtidos sugerem que o ronco e a apneia do sono resultantes da hipertrofia adenoamigdaliana interferem negativamente na produção dos hormônios relacionados ao crescimento. "Sabe-se que esses hormônios são liberados durante o sono e os níveis poderiam estar afetados em decorrência da diminuição da qualidade do sono".

Existem situações, no entanto, em que a intervenção cirúrgica não é imprescindível, explica Eduardo Bogaz, médico otorrino do Hospital São Camilo Pompeia, da capital paulista, e especialista em implante coclear. "A criança que não apresenta uma hiperplasia ou hipertrofia de adenoide e amígdala muito significativa pode ser acompanhada com tratamento clínico e controle da alimentação. À medida em que o paciente vai crescendo, a via área também e nem as amígdalas e as adenoides vão atrapalhar mais sua respiração".

Também existem casos em que, apesar de respirar de boca aberta, a causa disso pode ser uma rinite, pólipos no nariz, desvio do septo e amigdalites frequentes, por exemplo. Por isso há a necessidade de a criança ser levada ao médico o mais breve possível para uma avaliação.

* Implante Coclear é o popular "ouvido biônico", equipamento eletrônico computadorizado que substitui totalmente o ouvido de pessoas que têm surdez total ou quase total.

BOXE: INTERNAÇÃO DURA APENAS UM DIA

O período de internação, em casos comuns, para uma adenoamigdalectomia é de apenas um dia. Quando deixar o hospital, o paciente deverá seguir uma dieta pastosa por quatro ou cinco dias e tomar um analgésico recomendado pelo médico. Após esse período a criança pode voltar a frequentar a escola e, uma semana após o procedimento, deve ser levada ao consultório. Depois de 15 dias, o paciente recebe alta, caso não ocorra nenhum problema associado, e deve retomar sua rotina.

Fonte: http://veja.abril.com.br/agencias/ae/comportamento/detail/2011-05-12-1943009.shtml

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